10 de outubro de 2010

Coletivo FEITORIA

COMUNICADO:

A partir de hoje, 11 de outubro de 2010, o Coletivo São Léo deixa de existir e passa a chamar- se Coletivo Feitoria.

O que muda:
Sem perder nosso foco no desenvolvimento da cena musical independente de São Leopoldo, Vale dos Sinos, região Metropolitâna (entre outras articulações), percebemos novas possibilidades de atuação que, a partir de agora, serão veiculadas e divulgadas por aqui. Agora, o Coletivo Feitoria passa a contar com os núcleos de Planejamento, Comunicação, Sustentabilidade Econômica e Educação, além de empreendimentos coletivos de economia solidária a “Porongos: escola/cooperativa”, que produz instrumentos de percussão e a cooperativa de arte educadores.

Por que mudamos:
Para além da mudança de nome e da identidade visual, o Coletivo Feitoria pode ser entendido como uma re-significação do grupo que antes se chamava Coletivo São  Léo. A partir do ingresso de novos atores no Coletivo e do debate sobre a identidade cultural, sobre a função política da arte e seu lugar no desenvolvimento local, redefinimos nossos objetivos e metodologias de atuação.
Percebemos que é preciso avançar tanto no processo de desenvolvimento das identidades culturais locais quanto nas ações econômicas ligadas à cadeia produtiva da arte. Desta forma, pretendemos desenvolver projetos de ensino da arte de forma aberta e permanente, dar visibilidade ao debate sobre as identidades culturais e o papel da cultura negra no município de São Leopoldo, além de fomentar e qualificar o desenvolvimento de empreendimentos econômicos ligados à cadeia produtiva da cultura.

Por que a Feitoria:
Ponto de partida do povoamento e do desenvolvimento sócio-econômico de São Leopoldo, o bairro Feitoria simboliza o quanto as relações de poder, tanto políticas quanto econômicas, são fatores determinantes no desenvolvimento da identidade cultural de uma coletividade.
Desde 1788, com a transferência da Real Feitoria do Linho Cânhamo de Canguçu Velho para o Faxinal da Courita, esta região passou a ser habitada e modificada por negros escravizados. Através de vários movimentos de organização solidária e de levantes subversivos (o que incluiu desde a articulação com nobres, residentes em Porto Alegre, até o assassinato do Inspetor Pe. Antônio Gonçalves Cruz), estes negros resistiram à escravidão e à submissão aos interesses de mercado dos donos da Feitoria da época.
Apesar de um período de 40 anos, com diversos episódios e conflitos marcantes, a data de fundação do município de São Leopoldo é 25 de julho de 1824. Nesta data, chegam à região, já ocupada predominantemente pelos negros escravos, 39 imigrantes alemães. Hoje, São Leopoldo é conhecida como “o berço da colonização alemã no Brasil”, e a identidade cultural do município é ligada diretamente à cultura germânica, realizando eventos como a São Leopoldo Fest, e dando nome à diversas ruas e avenidas.
Como retornaremos a este assunto de forma detalhada mais tarde, agora nos basta dizer que escolhemos o nome Feitoria como forma de, através da arte, retomar o debate sobre a identidade cultural de São Leopoldo e sobre os processos históricos de exclusão e invisibilização responsáveis por sedimentar esta identidade.
Afirmamos, assim, nossa identificação com uma arte e fazer artístico que, para além do entretenimento e do mero deleite estético, assumem lugar central no processo e efetivação da democracia e da justiça social. Nesta perspectiva, a arte vai além da função de veículo da denúncia ou da crítica social e se propõe como espaço de construção de autonomia, fio condutor da organização da comunidade e catalisador do desejo de outros mundos possíveis.
Aguardem, muito barulho vem por ai...