23 de outubro de 2010

Oficina de Tambor de Sopapo


Tarde de um sábado nublado, Feitoria do Linho Cânhamo, São Leopoldo. Oficina de Tambor de Sopapo. O tambor, fio condutor que, re-ligando os pontos, se faz rede. Dificuldades, objetivas e subjetivas, a testar e plasmar nossa solidariedade e nosso desejo de fazer acontecer.

Ali, na Associação de Moradores do bairro, um grupo de pouco mais de quinze pessoas vivenciou uma experiência musical, cultural, política (e até espiritual para alguns). O resgate de uma ancestralidade fragmentada. A reconstrução poética e simbólica dos caminhos percorridos pelo tambor, símbolo de resistência. Uma coletividade a reinventar-se, a redescobrir-se. E a redescobrir a invenção.

Tudo espelhado na pele do tambor.

A outra Feitoria que imaginamos, ficou desenhada ali, mais claramente. Vimos novas possibilidades de organização, de produção de autonomia e de realização coletiva. Richard Serraria e Lucas Kinoshita não trouxeram apenas tambores e canções transbordantes de uma verdade singular. Trouxeram a oportunidade de lembrarmos quem somos e quem queremos ser. A lembrança de que somos parte de algo que nos perpassa e ultrapassa. Naquela tarde a Feitoria ficou bem ao lado de Pelotas, do Uruguai e das charqueadas. Naquela tarde em que juntaram-se ali o rock, o batuque, o hip hop e o samba, desenhamos um mapa com outra geografia e nossos ancestrais dançaram e cantaram em frente aos nossos olhos.Talvez ninguém mais tenha visto ou sentido isso,
mas está tudo ali, espelhado na pele do tambor.

Léo Guimarães
Núcleo de educação e planejamento