28 de março de 2011

A chuva só atrapalhou para quem não veio (GRITO ROCK SÃO LEOPOLDO 2011)

Grito Rock São Leopoldo, outono, noite do dia 25 de março de 2011 – a sensação climática alternava entre uma pequena corrente gélida e um denso calor. No céu, uma massa acinzentada. No atelier do coletivo Feitoria, um aconchegante alojamento se configurava para hospedar solidariamente nossos convidados (Eden Bordel e Were I Belong).

Um jantar partilhado a moda campeira, entrevero, feijão de estancieiro, arroz, saladas e seleta de legumes, regados em uma alternância entre o chimarrão e a cerveja. Tudo preparado com muito carinho por nosso ilustre Toco Cavalheiro.

Rumamos a Embaixada do Rock, nossa vizinha e fiel parceira de longas empreitadas rocker feitorianas. Ficamos um tanto tencionados devido a chuva torrencial que desabava sobre “a cidade”. E pelo obvio, com tantas catástrofes com origens “naturais”, a tensão vai ao encontro de não termos efetivas condições de saber: - quando será a próxima?


A noite segue com sua programação – para recepcionar o público, uma belíssima exposição do artista plástico (e músico) Biba Jaques – no telão, da mesma forma, exposições virtuais projetadas no ambiente davam um panorama otimista que tudo tinha condições de continuar bem.

Trovões, relâmpagos e afins, breves apagões gerais na energia elétrica. Abre alas da noite, sobe ao palco Devisionsex – climas noises com uma pegada bacana convidativa ao público arriscar uns passos... Vocais em profundidade, sintetizadores psicodélicos, guitarras harmônicas que impulsionas por baixo e bateria davam o devido destaque a essa banda que vem ganhando cada vez mais os palcos independentes. Tudo funcionado plenamente, o público ficando cada vez em maior número, ficou claro: “a chuva só atrapalhou para quem não veio” – porque a noite prometia!
Fizemos o informe da triste notícia que a banda A Quarta Parede ficou impossibilitada de comparecer ao Grito Rock São Leopoldo por problemas de cunho pessoal dos integrantes. Segue ao baile: - Bem vindos ao Eden Bordel! (grita o vocalista Yuri Tomé incendiando o público). Um show divertidíssimo, impecável, cativante... Os cariocas conseguiram estabelecer uma continua interação com o público e brincavam: - não há só funck no Rio, lá também há ROCK N´ROLL. Eden Bordel com seu hard rock retro, mas ao mesmo tempo modernizado e a qualidade dos caras é tão boa, que reteram público que veio a São Leopoldo depois de ter os acompanhado na Noite Fora do Eixo que ocorreu um dia antes (com Thunderbird) em Porto Alegre.
  A galera cada vez se mostrava participativa, uma constância culminante sem deixar um milímetro a perder, também pudera, entre uma banda e outra, a discotecagem de Bia Jones alucinava a rapaziada tocando “coisas afins (com as bandas que estavam ao palco) de A – Z”. Ainda poderíamos destacar algumas presenças interessantes do Grito Rock São Leopoldo, como: Secretario de Cultura Municipal – Pedro Vasconcelos; representante da Diretoria de Juventura – Andrigo; muitos agentes do coletivo Tomada; coletivo Extremo; Doctor Tattoo (nosso velho apoiador); MAKBO; galera de Novo Hamburgo à Porto Alegre; muitas bandas (Viana Moog, Transmission...); rapaziada das antigas (Minero, Tonho Crocco, Dedé, Podrão...); gente que nos acompanha a longa data (Luciane Coelho; Daiara; Nina; Chéo; Thali...). Estávamos repletos de selebridades! (yeh)

Terceira banda ao palco, BLEFF. Um som mais objetivo, guitarras espaciais, climas, uma pegada precisa e segura que embalava “a Embaixada do Rock” desde os ruídos até as batidas mais dançantes. Banda super a vontade, tocando em casa e com a torcida toda a favor. Até aqui, o saldo não poderia ser diferente: positivo como imaginávamos!
E as válvulas esquentavam cada vez mais – agora, ao som dos Megadrivers. O astral era algo no ambiente, sonzeira na orelha e a galera ensandecida... Roquidões vocálicas, guitarras bem sujas, baixo num pulsar avassalador e a bateria numa forte tentativa de nos corroer os tímpanos. Mais uma vez, o Grito Rock vinha abaixo, num bate cabeça constante ao som noventista, não poderia ser diferente, pois outrora já se citou que São Léo era a nova Seatle.
Como se tudo não bastasse, a noite parecia mais não caber nela mesma - os catarinenses da Where I Belong simpaticamente sobem ao palco para encerrar a primeira noite de Grito Rock Feitoria. Um som que imbricava um punch instrumental a soavidade vocálica – numa alternância entre músicas. Baixos trabalhados com efeitos, guitarras com timbres ímpares e a batera hiper forte – num sentido de que o objetivo era (se) detruir. Os olhares acompanhavam aquele espetáculo e a dinâmica era assimilada entre o corrosivo e a ambiência intimista. Encerram-se os show e seguimos a festa com discotecagem, num dançar até o amanhecer. O pessoal circulando pela banquinha de produtos independentes, um astral maravilhoso e um novo dia que inicia com chave de ouro. O gosto de quero mais foi a deixa o Grito Rock Novo Hamburgo (26/03) no Masmorra.